quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Hoje a Noite Não Tem Luar

Um rosto lindo como o verão
E um beijo aconteceu
Nos encontramos à noite
Passeamos por aí
E num lugar escondido
Outro beijo lhe pedi
Já reparou como certas coisas ficam presas na nossa memória às vezes sem motivo aparente? Aquelas lembranças como o primeiro dia em que você faltou na escola em determinado ano, ou uma data nada a ver em que algo aparentemente ordinário aconteceu. Eu sou cheia dessas memórias que até hoje eu chamava de 'inúteis'. Como eu estava enganada! A história é longa e complicada para escrever (precisaria de algumas páginas), mas em resumo, senão fosse por essas tais lembranças eu jamais teria feito certas ligações e descoberto que eu fui 'a outra' (segundo minha amiga isso parece título de novela mexicana, eu concordo). Simples assim, eu saí com um menino por mais de um mês enquanto a namorada dele fazia uma viagem ao exterior, sem eu saber da existência dela ou ela da minha.
Talvez eu seja meio santa, mas a verdade é que mesmo gostando e muito dele, eu jamais teria deixado que algo rolasse entre nós se eu soubesse disso. Quero dizer, essa menina poderia ter sido eu! E sem exageros porque nossas histórias são parecidas, eu nunca tinha notado a presença dela, mas ela sempre esteve presente: nós estudamos nas mesmas escolas (tanto no pré, quanto no fundamental e agora no médio), gostamos das mesmas bandas, fizemos intercâmbio para o mesmo lugar, temos pais separados... e ficamos com o mesmo cara. Saber que ele a enganou não muda nada de fato na minha vida, isso é verdade, mas faz com que as coisas tenham muito mais sentido. O que eu queria dizer é, não subestime essas pequenas coisas que sua memória grava, elas não são inúteis, e quanto maior for a sua atenção para o que acontece ao seu redor maiores são as chances de você descobrir o que o seu inconsciente está te tentando dizer. Talvez, desde o começo eu soubesse que tinha algo de errado com ele, mas não quisesse ver. Talvez eu não seja assim tão santa.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Monte Castelo

Estou acordado e todos dormem e todos dormem e todos dormem
Agora vejo em parte, mas então veremos parte a parte

Nas diferentes turmas de amigos em que eu circulo vez ou outra, e até mesmo na minha, um comentário posso tirar de comum "Luiza, você é tão boazinha!". Não que eu me incomode de ser uma pessoa "boazinha" - segundo eles isso significa que eu sou tranquila, altruísta, um 'doce de menina' - mas isso me incomoda. Ok, eu sei que acabei de ser incoerente. É ótimo ver que tantas pessoas tem uma impressão tão boa sobre mim, o problema é as espectativas que isso gera. Para começo de conversa eu estou longe de ser uma menina tranquila (pelo menos não tanto quanto eles imaginam), me irrito com coisas normais (barulhinhos de caneta, toques de celular, despertador) e com coisas não tão comuns (tevê quando não sou eu que estou assistindo, comidas diferentes quando se tocam, barulho de bola batendo no chão quando não sou eu quem está jogando). Sobre o altruísmo: bom, esse talvez eu seja um pouco, mas só um pouco mesmo. Sou enquanto a pessoa em questão (com quem estou sendo altruísta) é de interesse meu. Acho que isso acaba com o meu altruísmo.
O que mais me incomoda no ser "boazinha" é o fato de ser um rótulo que cria espectativas altas, ontem mesmo num momento "planejando o futuro alheio" um amigo disse que me imaginava dona de casa, mãe de quatro filhos, super esposa. Percebe? Eu sou A santa! Enquanto isso minha melhor amiga é vista com A vadia, tratam ela como se ela não tivesse sentimentos, acham que ela não sofre com um fora porque é "só mais um".
Uma das piores coisas nesse mundo são rótulos, o bonitão da escola não precisa de ser burro, nem o feio nerd, a bonitona pode ser beata e a excluída a futura rock star. Qual será o seu rótulo? Se eu pudesse me rotular acho que seria "farsa", sou o completo oposto do que aparento pelo que ouço.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A Fonte

Celebro todo dia
Minha vida e meus amigos
Eu acredito em mim
E continuo limpo

O que é a amizade do que uma carência, de mil e uma coisas, que mil e uma pessoas (ou às vezes apenas uma) nos suprimem num abraço, num sorriso sincero, num olhar que equivale a mais de mil palavras anos e mundos? O amigo é aquele ser que de certa maneiras nos completa, nossos amigos são como peças de um quebra-cabeça gigantesco, que quando completo, somos nós mesmos. Observando nossos amigos podemos descobrir muito sobre nós mesmos. Seus amigos são fofoqueiros, fúteis, vivem em uma redoma de cristal em que o mundo real não consegue atingir de maneira alguma? Então pare e pense sobre o que você tem feito nos últimos tempos, por quais assuntos tem se interessado, qual tem sido sua participação no mundo. Amigos são espelhos do estado da sua alma. Se você não tem amigos, espero que não os tenha por falta de opção, pois é impossível ser sincero e dizer que amigos não fazem falta, pois eles fazem, e muita. Se não os tem, acalme-se, uma hora você os encontrará, mas não idealize demais, amigos são pessoas comuns, com defeitos patéticos e muito irritantes, mas que quando você menos espera (e não necessariamente quando você mais precisa, pois eles não são telepáticos) irão te dar algo (uma risada, um belo de um pedala, uma dor de cotovelo, um conselho) que irá te fazer olhar pros céus e seja qual for a sua religião fazer você agradecer àquela pessoa que você acredita ser a responsável por tudo aquilo o que temos (e se você for ateu, agradecerá à sua mãe por ter te dado à luz).

sábado, 27 de junho de 2009

Eu Sei

A noite acabou, talvez tenhamos que fugir sem você
Mas não, não vá agora, quero honras e promessas
Lembranças e histórias
Somos pássaro novo longe do ninho
Eu sei




E o Michael Jackson morreu
. A Farrah Fawcett também, no mesmo dia inclusive, mas quase ninguém notou. Essas duas mortes me fizeram realizar algumas coisas, dentre elas a seguinte meta: não morrer no mesmo dia que alguém muito mais famoso do que eu. Imagine, pobrezinha da Farrah Fawcett, a mais bonita das Panteras originais teve sua morte completamente esquecida, é como se já não bastasse o fato de estar morta nem a glória de ver os outros chorando rios de lágrimas por ela pode ver.
Eu não era nenhuma fã do Michael Jackson, danço Thriller e Billie Jean em festas, faço o moon walk com os dedos (muito mais estiloso do que o original com os pés) (entenda estiloso por muito mais fácil)... Mas não era fã. Ainda assim não pude deixar de sentir um aperto no peito ao ouvir de sua morte. Ele era o Rei do pop. Era não, é e sempre será. Nós devemos o formato de nossos clips, shows, da música pop a esse homem, que apesar de todas as suas esquisitices, ainda é uma verdadeira lenda do cenário musical.
A sua morte também me fez pensar que talvez eu esteja ficando velha, veja bem, as Barbies atuais já não são iguais as do meu tempo (diga-se de passagem, as Barbies do final dos anos noventa, começo do século XXI, eram muito mais bonitas do que essas novas cabeçudas), quando meus filhos nascerem contarei a eles sobre a Crise de 2008 e eles a verão como algo pré-histórico, contarei que até os meus dez anos ouvia música pelo discman, e eles me perguntaram que diabos é isso, e ao explicar eles rirão por ser tão antiquado em comparação as tecnologias que terão (e se você pensar bem, o discman já é antiquado se comparado com um MP3 qualquer). Isso porque eu ainda nem comecei a falar sobre os filmes em VHS! Ou a Dercy Gonçalves, Clodovil, Bussunda... Como explicarei quem foram tais figuras?
Também parei para pensar na brevidade da vida. Num segundo ele está lá, no outro já não. Pensando assim acho que deveria viver intensamente e fazer o que me der na telha... Mas e se eu não morro logo? Daí terei que arcar com mil e uma conseqüências, então talvez seja melhor viver nas leis. Mas de que adiante viver nas leis se a vida é tão breve? Ôh dúvidas cruéis.

"This is our decision to live fast and die young. We've got the vision, now let's have some fun. Yeah it's overwhelming, but what else can we do? Get jobs in offices and wake up for the morning commute?" - Time to Pretend, MGMT

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Um Dia Perfeito

São as pequenas coisas que valem mais
É tão bom estarmos juntos
É tão simples: um dia perfeito

Algumas pessoas aparecem nas nossas vidas nos momentos mais improváveis, por motivos inimagináveis e de maneiras inexplicáveis se tornam vitais. Algumas, ao conhecermos, já sabemos logo de cara que serão uma daquelas que para sempre lembraremos com carinho, tendo ou não mantido contato. Outras, demoramos a descobrir.
Aos dez anos, me lembro bem, uma semana depois das aulas se darem início, surgiu um rumor de que entraria um aluno novo na escola. Eu não sabia se ele entraria na minha sala, afinal eram quatro turmas de quarta série (o atual quinto ano), mas eu torcia para que fosse um menino, bonito, e que entrasse na minha turma. Bom, era um menino, ele entrou na minha turma, não era bonito, mas de cara me encantei por ele. Por um acaso do destino, feliz acaso do destino, puseram ele para sentar justo ao meu lado e daí surgiu uma das melhores amizades que já tive. E uma das minhas maiores paixões. Eu sei como isso soa, quero dizer, eu tinha dez anos! O que eu sabia da vida? Nada. A palavra 'beijo' me fazia corar, e tocar no assunto 'sexo' me transformava em um pimentão risonho. Dia vinte e oito de Agosto vão se completar seis anos que ele mudou de cidade, seis anos que eu não o vejo. Mas ainda o guardo na lembrança, naquele cantinho dos inesquecíveis, junto dos meus Pokémons imaginários.
Essa história é uma exceção, a grande maioria das minhas amizades começaram de maneiras tolas. Na realidade, eu não lembro como ou quando começaram exatamente, o que me lembro é do meu primeiro contato com essas pessoas que dias, meses e até anos se tornariam essenciais. Minha melhor amiga conheci quando entrei na piscina do prédio, de uma amiga nossa em comum, no dia em que punham cloro e que ninguém podia entrar. Ela era apenas uma coadjuvante na minha memória sobre aquele dia, mas um ano depois, ela se tornou o personagem principal. Meu melhor amigo conheci quando todos os livros da mochila dele caíram no chão e eu o ajudei. Quem diria que uma gentileza geraria uma super amizade? E ainda há aqueles que eu conheci quando pequena, no pré, e que ao reencontrar no colegial nasceu uma amizade.
Quando penso nisso me jorra uma vontade de gritar, dançar, cantar, pular. Minha garganta sente um aperto e eu tenho vontade de chorar, mesmo sem lágrimas. Eu sinto vontade de viver intensamente. É nessas horas que eu percebo o que viver realmente significa, o que são esses momentos que nos dão força, e eles só acontecem quando não esperamos, ou pelo menos não da maneira que prevemos. A vida é uma surpresa, uma agonia desgraçada e aparentemente sem fim. Mas acho que compensa.

sábado, 13 de junho de 2009

Teatro Dos Vampiros

Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim
Não tenho pena de ninguém

Existem mesmo amizades verdadeiras? É fácil afirmar que sim quando você e seu amigo não estão competindo por uma mesma vaga, ou por um mesmo amor. No segundo caso é tudo muito mais complicado, porque, quem poderá dizer quem gosta mais ou não do objeto de afeição? E tirando todas as possíveis discussões entre vocês dois, ainda tem aquela terceira pessoa, o amado, que pode simplesmente não estar afim de você, nem do seu amigo e no fim, todas as discussões entre vocês, foram à toa. A sabedoria diria que "amizades são para sempre, amores vêm e vão", mas é difícil uma amizade não ficar abalada após uma competição, mesmo que dure pouco, apenas até que a paz seja estabelecida (o que significa: ninguém irá competir por ninguém, ambos devem esquecer a terceira pessoa, mudar o foco, se apaixonar por outro), mas é difícil.
É nessas horas que descobrimos o pior de nós mesmos, porque são nesses momentos que nosso amor-próprio mais aflora; se você é o que tem mais chances irá propagar que não deveria ser impedido o outro de ser feliz, que ganhar ganhou, e quem perdeu logo irá se apaixonar novamente. Mas e se você é o que tem menos chances? Há, daí sim é complicado. Porque é muito mais do que não ficar com a pessoa de quem se gosta, é perdê-la para um amigo. É uma humilhação que só quem perde sente e enxerga, mas ela esxiste naquele universo particular.
Minha opinião? Amores vêm e vão, e exatamente por isso nós não deveríamos impedir o outro de ser feliz, mesmo que isso implique na nossa infelicidade, porque ela será momentânea, e a gratidão que seu amigo terá por você, essa sim será eterna, porque amizades são para sempre.

domingo, 24 de maio de 2009

1965

Não se esqueça
Temos sorte
E agora é aqui

A vida é uma caixinha de surpresas, quando damos certas afirmações por verdadeiras descobrimos tempos mais tarde que elas já deixaram de ser. Não estou me referindo a alguma lei física, teorema matemático, ou algo do tipo. Refiro-me a coisas mais ‘simples’ – não tenho tanta certeza se elas são tão mais simples – como o seu gosto musical. Por exemplo, eu era uma odiadora convicta de sertanejo, até que nesta quarta, uma infeliz menina da minha sala tocou “Chora, Me Liga” na sala de aula. Resultado? Interiorrr me aguarde! Nas férias ai eu estarei! (Em Julho rola um festival chamado Fapija no interior de São Paulo com vários shows, inclusive o do João Bosco e Vinicius – os desgraçados que cantam essa música – quem quiser ver outros shows e tal: http://fapija.com.br).

Eu gosto dessa maneira que a vida nos ensina as coisas, é de um jeito tão sutil que há aqueles que nem reparam. Eu acredito que nada acontece por um acaso e até hoje não me lembro de nenhuma experiência que tenha mostrado essa minha verdade como falsa. Outra história: eu e o meu rolo estávamos numa fase ruim, nós tínhamos meio que nos desentendido, mas nenhum dos dois tinha deixado claro estar bravo, logo em seguida aconteceu uma fatalidade na família dele e nós passamos simplesmente três semanas sem nos falar. Até que nessa segunda-feira, sem nada combinado, ele passou aqui em casa. Foi ótimo. De repente tudo estava bem entre nós, ele pediu desculpas e não só fez isso como realmente seguiu ao meu pedido (nós havíamos ‘brigado’ porque ele estava fazendo algo que eu não gostava). E eu achando que tudo havia acabado e tal... Essas três semanas eram exatamente o que eu estava precisando! E como eu iria perceber se não passasse pro elas? E eu achando que estava na minha maré de má sorte, na verdade era a minha maré de sorte. Pense bem, a minha sorte não foi o after, mas sim ter passado por essas experiências que eu talvez não tenha achado tão boas a princípio.

É, o meu plano de não planejar nada e apenas deixar rolar parece estar dando muito certo... Acho que vou continuar seguindo-o (o plano: http://publicandomeumundo.blogspot.com/2009/05/tempo-perdido.html). No fim, não importa mesmo o quanto nós planejemos, a vida sempre muda tudo num piscar de olhos.